quarta-feira, 8 de maio de 2013

Simplicidade, Felicidade


Simplicidade...Felicidade...
Ser como as rosas, o céu sem fim,
a árvore, o rio...Por que não há de
ser toda gente também assim?

Ser como as rosas: bocas vermelhas
que não disseram nunca a ninguém
que têm perfumes...Mas as abelhas
E os homens sabem o que elas têm!

Ser como o espaço que é azul de longe,
de perto é nada...Mas quem vê
- árvores, aves, olhos de monge... –
busca-o sem mesmo saber por quê.

Ser como o rio cheio de graça,
que move o moinho, dá vida ao lar,
fecunda as terras...E, rindo, passa,
despretensioso, sempre a cantar,

Ou ser como a árvore: aos lavradores
Dá lenha e fruto, dá sombra e paz;
Dá ninho às aves; ao inseto flores...
Mas nada sabe do bem que faz.

Felicidade – sonho sombrio!
Feliz é o simples que sabe ser
Como o ar, as rosas, a árvore, o rio:
Simples, mas simples sem o saber!

(Guilherme de Almeida)


domingo, 31 de março de 2013

VASO CHINÊS



EstÌanho mimo aqueÌe vaso! Vi-o,
Casualmenteu, ma vez, de um Perfumado
Contador sobre o mármoÌ Ìuzidio,
Entre um leque e o começo de um bordado.

Fino artista chinês, enamorado,
Nele pusera o coração doentio
Em rubras flores de um sutil lavrado,
Na tinta ardente, de um calor sombflo.

Mas, talvez por contraste à desventuÌ4
Quem o sabe?..d. e um velho mandarrm
Também lá estava a singular figura;

Que arte em pintá-lâ! a Sente âcaso vendo-a
Sentia um não sei quê com aquele chim
De olhos cortados à feição de amêndoa

VASO GREGO



Esta de áureos relevos, trabalhada
De divas mãog brilhante copa um dia,
Já de aos deuses seriÌ como cansada
Vinda do Oìimpo, a um novo deus servia.

Era o poeta de Teos que a suspendra
Então, e, oÌa repleta ora esvazada
A taça amiga aos dedos seus tinia
Toda de roxas pétalas colmada.

Depois... Mas o lavor da taça admiÌa
Toca-4 e do ouüdo aproximando-a, às bordas
Finas hás de lhe ouvix, canora e doce,

' Ignota voz, qual se da antiga lira
Fosse a encantada música dâs coÍdas,
Qual se essa voz de Anacreonte Íosse.

NUM TREM DE SUBÚRBIO



No trem de ferro wimo-nos um dia,
I amamo-nos ioi obra de um momento,
Tudo rápido, como a ventania,
Como a locomotiva ou o pensamento.
Amo-te!
- Adoro-te!
A estdçàop rimejra
Surge. Saltamos nela ao sorn de um berro.
Nosso amoX, numa nuvem de poeira,
Tinha passado, como o trem de ferro.

FLOR SANTA



Entre as ruínas de um convento
De uma coluna quebrada
Sobre os destÌoços, ao vento
Vive uma flor isolada.
Através de Íérrea grade
Espiando ao longe e em redor,
Que olhar de amor e saudade
No cálix daquela Ílor!
Diz uma lenda que outrora
Dentre as fÌeiras a mais bel4
Morta âo despontar da aurora,
Fora achada em sua ceÌa.
Ao irem em terra ÍÍia
O Írio corpo depor,
Sobre coluna que havia
A um lado, nascera a flor
E a lenda refere ainda:
Assim que o Ìuar apaÌece,
Da flor animada e linda
No cálix se ouve uma Prece
Reza...E medrosa,e encolhida
A um canto, pálida a cox,
Toda no céu embebid4
Vendo-o, talvez, pobre flot!
Parece, tão branca e pura,
Tão franzina e desmaiada,
Uma fteira em miniatura
Nas pedras ajoelhada.

Resumo do livro: Vestido de Noiva Autor: Nelson Rodrigues



            A peça, Vestido de Noiva, tem, em seu cenário, três planos que se intercalam: o plano da alucinação, o plano da realidade e o plano da memória. Alaíde, moça rica da sociedade carioca, é atropelada numa das noites do Rio. No plano da realidade, jornalistas correm para se informar e publicar em seus jornais o fato, enquanto médicos correm para salvar o corpo inerte da mulher, jogada numa mesa de operação, entre a vida e a morte.
            No plano da alucinação, Alaíde procura por uma mulher chamada Madame Clessi, sua
heroína, que foi assassinada no início do século, vestida de noiva, pelo seu namorado. As duas se encontram e conversam. Um homem acusa Alaíde de assassina, e ela revela a Madame Clessi que assassinou o marido Pedro com um ferro após uma discussão.
            No plano da memória reconstitui a cena. Mais tarde, ambas percebem que o assassinato de Pedro não passou de um sonho de Alaíde. Enquanto os médicos tentam quase o impossível para salvá-la da morte no plano da realidade, Alaíde e Madame Clessi conversam no plano da alucinação, tentando se lembrar do dia do casamento da primeira, e de duas mulheres que estavam presentes enquanto Alaíde se preparava para a cerimônia. A mulher de véu e uma moça chamada Lúcia. Ambas são, na verdade, a mesma pessoa, a irmã de Alaíde, que reclama o fato desta ter lhe roubado o namorado.
            Segue-se uma série de intercalações entre os planos: no plano da realidade, o trabalho
dos médicos para reanimar Alaíde, e dos jornalistas querendo informações sobre a tragédia do atropelamento. Nos planos da alucinação e da memória, a história de Madame Clessi, com seu namoro com um jovem rapaz e sua morte, se funde com a de Alaíde no dia do casamento com Pedro.
            Segue-se a discussão com Lúcia minutos antes da cerimônia, que a acusa violentamente
de ter lhe roubado o noivo. O casamento acontece, e Alaíde se vê vítima de uma conspiração entre Lúcia e Pedro, que pretendem matá-la para ficarem juntos. No plano da realidade, Alaíde morre na mesa de operação. Enquanto Alaíde assiste com Madame Clessi cenas de seu enterro e de sua discussão com Lúcia momentos antes do atropelamento, quando jura que mesmo morta não a deixaria ficar com Pedro. Lúcia, no entanto, casa-se com Pedro, mesmo tendo em sua mente a imagem de Alaíde com seu vestido de noiva.

sábado, 30 de março de 2013

Vaiamos, irmãa, vaiamos dormir


Vaiamos, irmãa, vaiamos dormir
[en] nas ribas do lago, u eu andar vi
a las aves meu amigo.
Vaiamos,irmãa, vaiamos folgar

[en] nas ribas do lago, u eu vi andar
a las aves meu amigo.
En nas ribas do lago, u eu andar vi,
seu arco nas man'as aves ferir,

a las aves meu anigo.
En nas ribas do lago, u eu vi andar,
seu arco na mãao a las aves tirar,
a las aves meu amigo.

Seu arco na mãao as aves ferir,
alas que cantavan leixá-las guarir,
a las aves meu amigo.

Se arco na mãao as aves tirar,
a las que cantavam nom nas quer matar,
a las aves meu amigo.

Fernando Esquio , (CV902,CBN 1246)

Vaiamos- vamos
ribas - margens
u - onde
tirar - atirar
guarir- deixá-las sem ferida